01/04/2013

CASAR: QUANTO CUSTA?

Um casamento tradicional, na igreja e com direito a festa, custa caro. Os gastos já começam com o noivado, que alguns preferem comemorar com um romântico jantar a dois, outros com um dispendioso jantar para os mais próximos. Geralmente, há um caro presente envolvido no evento. Depois vem a cerimônia de casamento em si, onde cada detalhe – e custo – envolvido é nova razão para discussões acaloradas do casal. Cerimônia na igreja ou no salão, casamento civil no local ou no cartório, quem paga o quê, música ao vivo ou dee-jay, jantar completo ou bufê mais modesto, flores aqui ou acolá, convidar este ou aquele... É um sem fim de decisões a tomar, que tendem a deixar os noivos malucos. Cada detalhe é importante nesta hora, pois é uma festa feita para ser única na vida.

Depois, há os gastos com a moradia, que acompanham um novo caminhão de decisões. Comprar ou alugar, definir a localização, encontrar um imóvel disponível, reformar, mobiliar, preparar a mudança... Detalhes!

Esta infinidade de gastos inviabiliza, para muitos casais, um casamento tradicional. Se, mesmo após vocês fazerem as contas, o sonho se mostra inviável, é melhor optar por uma celebração mais simples. Abrir mão de uma festança para começar a vida a dois com o orçamento íntegro é uma grande prova de amor. O maior de todos os erros na união do casal é dar aquela festa financeiramente apaixonada, contando com a sorte ou com o décimo-terceiro salário dos próximos dois anos. É o passaporte para uma vida a dois cheia de conflitos, limitações, desgastes emocionais e problemas de toda ordem.
Daí a importância de começar o planejamento financeiro antes da união, como eu e Adriana fizemos. As decisões sobre como e onde o casal vai viver, seu estilo de vida, se vão casar ou simplesmente “juntar” e como vão gastar seu dinheiro juntos são muito particulares. Não há regras e receitas de sucesso. Mas algumas dicas podem ser valiosas para proteger seu escasso dinheirinho neste momento de alegria:

Quanto gastar?
Não é possível estipular um valor máximo a gastar em um evento como o casamento.

Como tudo em planejamento financeiro, quem poupar mais e por mais tempo terá mais recursos disponíveis. Porém, notem que é preciso buscar um equilíbrio entre luxo desejado e valores desembolsados. Bom senso é diferente de bom gosto. Seus convidados esperarão uma festa à altura de seus hábitos de vida, não mais que isso. Caprichar em alguns detalhes é bom, desde que dentro do planejado.

Quem paga o quê?
O melhor caminho é somar os recursos e pagar tudo de uma conta só. A divisão de qualquer coisa no casamento só serve como argumento para brigas. Os casais que fazem festa têm a vantagem de contar com presentes de amigos e padrinhos, é a oportunidade de começar a vida com a casa praticamente pronta. Não conte com dinheiro dos pais e padrinhos, mas converse com eles sobre os planos de gastos. Não conte também como dinheiro da “gravata” ou do “sapatinho”, eles serão importantes para um luxo extra na lua-de-mel. Se os presentes vierem, serão bem-vindos, caso contrário é errado cobrar deles. No passado se estipulava regras do tipo “os pais da noiva pagam a festa”, ou “os pais do noivo pagam a casa”. Se as famílias querem manter estas tradições, a proposta deve partir dos familiares, e não dos noivos. Vale a regra que os noivos pagam tudo (e não cobram nada de ninguém) até que alguém se manifeste em contrário.
Como planejar a lua-de-mel?

A primeira viagem como casados é certamente um momento único e inesquecível na vida. Por esta razão, é importante ter em mente que não importa tanto o destino, mas sim as características da viagem. É melhor passar uma lua-de-mel confortável, talvez luxuosa, em uma cidade charmosa próxima de onde o casal vive do que em uma excursão pela Europa com dinheiro contado para dois lanches simples por dia. Extravagâncias, somente se planejadas. Lembrem-se de avisar a todos os hotéis e restaurantes que vocês estão em lua-de-mel – normalmente eles reservam surpresas para recém-casados.

Casar sem dívida ou casar feliz?
O argumento para muitos casais extrapolarem nos gastos com o casamento é que a oportunidade é única. Sim, a idéia é casar uma única vez. Mas, um casamento que começa já com dívidas pode não durar mais que alguns meses. Fazer questão de detalhes tradicionais e pequenos diferenciais no grande dia é importante, realmente pode-se sentir uma frustração, no futuro, de ter perdido a oportunidade de ter tido um casamento especial. Deve-se ponderar muito e pesar qual sofrimento será menor: faltar a cereja no bolo ou agüentar vários meses de restrições? Se não houver como fugir de dívidas, é aceitável incluir no orçamento algumas prestações futuras que caibam na renda do casal. E sejam criativos na hora dos financiamentos. Fujam das financeiras, do cheque especial e do cartão.

Preparem-se para as contingências!
Infelizmente, não há projetos sem riscos. Existem dois bons motivos para vocês fazerem uma pequena reserva financeira para emergências. Primeiro, para cobrir acidentes. Se o buquê não ficar pronto, o número de convidados for maior que o previsto, algum prestador de serviço falir, ou qualquer outro desastre acontecer, é importante ter alguém preparado para correr atrás e algum dinheiro para arcar com o inesperado. O importante é curtir o momento e depois entrar na justiça contra os culpados. O segundo motivo é pela própria complexidade do momento de mudança de vida. Não tenha a menor dúvida que sempre, em cima da hora, aparecerá uma despesa não prevista – ou a oportunidade de gastar dinheiro com algo que alivie o stress e a ansiedade. Não precisa ser uma reserva volumosa, mas um pequeno percentual dos gastos com o casório – 0,5 a 1,0% do total – reservado para os dias que antecedem o casamento diminuirão bastante a ansiedade. Se sobrar, usem para algum luxo na lua-de-mel.

Adaptado do livro Casais Inteligentes Enriquecem Juntos
Gustavo Cerbasi é consultor financeiro e professor da Fundação Instituto de Administração, sócio-diretor da Cerbasi & Associados Planejamento Financeiro e autor dos livros Dinheiro – Os segredos de quem tem e Casais Inteligentes Enriquecem Juntos, ambos pela Editora Gente.

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